21/12/2015

Poema de Natal



Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.

Vinicius Moraes


8 comentários:

  1. Olá, queria Maria
    É tanto encantamento que devemos mesmo nos silenciar ao extasiarmo-nos e passar um noite bem aconchegante e interiorizada... Lindo poema postado!
    Bjm fraterno

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  2. É um poema de que gosto muito. No Sexta está uma história de Natal diferente. Se tiver uns minutinhos penso que ia gostar. Um abraço e Feliz Natal.

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  3. Foi muito bom ler aqui este belo poema de Vinicius de Moraes. Obrigada pela partilha, amiga.
    Desejo um Natal cheio de conforto e um Ano Novo com muita Saúde, Paz e Amor.
    Beijo.

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  4. Muito belo este poema

    Um bom Natal com paz e amor e que o novo ano venha repleto de saúde e felicidade.

    Bjgarnde do lago

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  5. Uma escolha poética maravilhosa!
    Festas bem Felizes!

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  6. Mais uma escolha maravilhosa... bem de acordo, com o espirito da quadra!...
    Adorei!
    Beijinhos
    Ana

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“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint-Exupery).

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